Se a realidade não nos agrada, talvez a
literatura seja o caminho para nossa fuga, mas não é bem isso que os meus
autores preferidos fazem, nem os livros que escolho ao acaso em qualquer
barraquinha-sebo, a literatura é uma carta denuncia de que a realidade não vai
bem.
Machado de Assis faz uma denuncia transvestida
no romance, se você não tiver critica na cabeça, se for ler por ler, vai achar
bonitinho; vai ser mais um livro que trata dos sentimentos, das traições e da
vida do humano, mas há lá uma critica a sociedade de sua época, não muito
aparente, pois ele estava − no
momento dos escritos – no ceio da elite burguesa nacional, isso está exposto
com mais entusiasmo em suas cartas avulsas, crônicas e contos.
Fui ao quarto e peguei cinco livros distintos,
que aparentemente não seguem um mesmo estilo ou trançam uma rede de
pensamentos, ou que tenha períodos relativos. Peguei obras que me são
interessantes, são leituras de um jovem do ensino médio de outrora.
Falar em Aldous Huxley é pensar num Admirável
Mundo Novo onde os sentimentos foram industrializados, numa sociedade
desumanizada pelo avanço das técnicas e do saber cientifico, desconstrói o
mundo que conhecemos, passaremos a nascer de maquinas e viver inorganicamente,
um livro de 1932 que nos é atual.
Outro seria a obra inicial de Carlos Amorim, não
tenho com não falar dela, pois a obra trata da construção e do domínio do crime
organizado, mas sem nunca deixar de passar os meandros do pensamento humano,
sem falar da vida como ela é, sem pedir licença pra fazer do teu mundinho
comodista uma bagunça capitalista. Só quem viveu no morro sabe o poder do
capital.
Também vejo denuncia em Tomas Antônio Gonzaga,
Aluízio de Azevedo, SARAMAGO e tantos outros autores que me seguem
durante os meus poucos anos de vida, são livros que demostram que não devemos
fugir, mas sim enfrentar com poesia o que é degradante ao sentimento mais
rico, o de viver.
Saramago é o que mais me fez chegar a esse texto, nunca consumi uma única obra
desse lusitano, mas deu vontade de compra sua biografia, nem era fã desse
seguimento, mas o autor da obra é doutorando da Universidade de Lisboa, os
acadêmicos me são mais confiáveis que os jornalistas.
O que mais me chamou atenção foram os trechos da
época que Saramago, tecia a escrita do romance: Ensaios Sobre a Cegueira, as
anotações do diário dele vinha cheio de criticas ao mundo
capitalista do período, que é nosso também, ele compões todo um estudo sobre o
tema e por isso a obra nos é pertinente.
A literatura americana que leva os
jovens à lugares irreais é bem vinda, mas em algum momento deve existir uma
transferência para uma literatura mais critica, que não seja fuga, mas sim um
toque que diga há algo errado com a realidade da gente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário