domingo, 20 de outubro de 2013

LITERATURA: UMA CARTA DENUNCIA

Se a realidade não nos agrada, talvez a literatura seja o caminho para nossa fuga, mas não é bem isso que os meus autores preferidos fazem, nem os livros que escolho ao acaso em qualquer barraquinha-sebo, a literatura é uma carta denuncia de que a realidade não vai bem.
Machado de Assis faz uma denuncia transvestida no romance, se você não tiver critica na cabeça, se for ler por ler, vai achar bonitinho; vai ser mais um livro que trata dos sentimentos, das traições e da vida do humano, mas há lá uma critica a sociedade de sua época, não muito aparente, pois ele estava   no momento dos escritos no ceio da elite burguesa nacional, isso está exposto com mais entusiasmo em suas cartas avulsas, crônicas e contos.
Fui ao quarto e peguei cinco livros distintos, que aparentemente não seguem um mesmo estilo ou trançam uma rede de pensamentos, ou que tenha períodos relativos. Peguei obras que me são interessantes, são leituras de um jovem do ensino médio de outrora.
Falar em Aldous Huxley é pensar num Admirável Mundo Novo onde os sentimentos foram industrializados, numa sociedade desumanizada pelo avanço das técnicas e do saber cientifico, desconstrói o mundo que conhecemos, passaremos a nascer de maquinas e viver inorganicamente, um livro de 1932 que nos é atual.
Outro seria a obra inicial de Carlos Amorim, não tenho com não falar dela, pois a obra trata da construção e do domínio do crime organizado, mas sem nunca deixar de passar os meandros do pensamento humano, sem falar da vida como ela é, sem pedir licença pra fazer do teu mundinho comodista uma bagunça capitalista. Só quem viveu no morro sabe o poder do capital.
Também vejo denuncia em Tomas Antônio Gonzaga, Aluízio de Azevedo, SARAMAGO e tantos outros autores que me seguem durante os meus poucos anos de vida, são livros que demostram que não devemos fugir, mas sim enfrentar com poesia o que é degradante ao sentimento mais rico, o de viver.
Saramago é o que mais me fez chegar a esse texto, nunca consumi  uma única obra desse lusitano, mas deu vontade de compra sua biografia, nem era fã desse seguimento, mas o autor da obra é doutorando da Universidade de Lisboa, os acadêmicos me são mais confiáveis que os jornalistas.
O que mais me chamou atenção foram os trechos da época que Saramago, tecia a escrita do romance: Ensaios Sobre a Cegueira, as anotações do diário dele vinha cheio de criticas ao mundo capitalista do período, que é nosso também, ele compões todo um estudo sobre o tema e por isso a obra nos é pertinente.
A literatura americana que leva os jovens à  lugares irreais é bem vinda, mas em algum momento deve existir uma transferência para uma literatura mais critica, que não seja fuga, mas sim um toque que diga há algo errado com a realidade da gente.  









sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O amor e o meu tempo (por Isak de Castro)

Da vida real aos quadrinhos da Turma da Monica, o amor nos rodea e laça-nos com força, quando nos prende é difícil de soltar e tudo que podemos fazer é amar e amar, alguém cantou isso. Em nossas vidas – el amor está por encima de todo – ou pelo menos deveria ser dessa forma,  mas como procede pensar o que é o amor, mesmo que seja sabido que nos dias de hoje o capitalismo  tenha o transformado em uma mercadoria barata, daquelas da vitrine e do filme comercial que faz a propaganda do shopping; como diria Nelson Rodrigues: “o dinheiro compra até o amor verdadeiro”.
Gostei dessa definição do amor dada pelo dicionário Houaiss: “comunhão íntima, coesão com o universo, com ou sem conotação religiosaesse é o amor que eu acredito e que sinto, deveria ser assim também o amor da companheira de Calabar, Bárbara, que disse no teatro: “(...) para Calabar morrer é preciso que também me matem. Porque eu o amo. Para Calabar morrer, é preciso que também me esquartejem. Porque eu o amo demais...” (CALARBAR, O ELOGIO DA TRAIÇÃO). Esse é o tipo de declaração que o tempo não estraga e me faz dar rosas nos dias de hoje, onde isso também perdeu seu valor.
Vinicius de Moraes, “de todo meu amor serei atento / antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto / que mesmo em face de maior encanto/ dele se encante mais meu pensamento...”; ou GHIRALDELLI, citando NOZICK: “o amor como relação cria algo além do eu e do tu, cria o ‘nós’”; criam uma comum unidade no pensamento do amor onde o  eu e o tu viram um só.
Mas para mim, Bárbara  em suas palavras já citadas definem o que sinto: o amor está acima do céu e da terra, da vida e da morte. Sem meu amor sou um trem desgovernado. Contos e poesias, e mesmo o mundo transviado de hoje em dia não me mata esse romantismo desenfreado que acho - eu - que morrerá na corrida pelo capital.